quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Bicicletário

Angeloni Center:
---------------------------------------------------------------------------
um megaempreendimento sem bicicletário.


Que importância teria um bicicletário para uma obra do porte do Angeloni Center, da Centenário?

O compromisso com a sustentabilidade é muito mais do que coletar a água da chuva, passa necessariamente pelo incentivo ao uso de meios de locomoção não poluentes, entre eles, a bicicleta. 

Obras grandiosas, a exemplo do Angeloni Center da Centenário e o Novo Giassi Supermercados, empregam muita gente, é verdade, mas, por outro lado, faturam milhões. Ambas não se deram ao trabalho de construir um bicicletário aos seus clientes. Acreditam nisso? Acreditem. Estive lá e fotografei o lugar do estacionamento que não existe para as bicicletas.

Respondendo à pergunta que abriu este texto. Para os empreendedores, a importância de um bicicletário é nenhuma, pelo visto. Agora, para seus clientes, seria o reconhecimento do compromisso real das empresas com a sustentabilidade do planeta e com a qualidade de vida dos seus habitantes. Não apenas discursos inflamados (aqueles rotineiros das inaugurações, em que frisa-se a todo instante a importância ao atendimento das necessidades dos clientes) proferidos para o consumo da imprensa, que parece estar aí mais preocupada em reproduzir o discurso oficial, do que em analisar e criticar. Entende-se, obviamente, o lado comercial da mídia, afinal, são contas interessantes.

Cabe, portanto, aos indignados, usando meios alternativos, gritarem em busca de seus direitos. Por que esperar que a iniciativa brote espontaneamente é o mesmo que acreditar na mega-sena da virada.

PS. Recentemente, visitei esses dois empreendimentos e tal minha surpresa: lá estavam os bicicletários. É um avanço.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Pergunte ao João, o 14

João Alberto, o oitavo rebento, filho de Aristeu, o singular - nas palavras do Rui - e de
Enoema, aquela que - no galanteio de seu marido - era ao mesmo tempo "amiga sincera, filha obediente, esposa leal e mãe carinhosa".

Se causos nos escapam, a memória falha, simples: pergunte ao João, ao certo saberá, não apenas vagas lembranças, mas riquezas de detalhes com enredos engraçados.
O gesto em "Agnus Dei", pela enésima vez, sempre impressiona. (Herança daqueles tempos).

Ainda piazito, conta-se, do alto de alguma mesa, declamava poesias, e poesias, até o sol raiar. Pessoas boaquiabertas, meio que magnetizadas, ouviam, riam e, por fim, pediam bis.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Ideal olímpico: um sonho

    O espírito olímpico é apenas a fachada tanto para mostrar o poderio econômico como para insuflar o consumismo. Sonhadora é a idéia do espírito olímpico. Superação, coragem e ousadia. O marketing a serviço do consumo mostra a face bela dos jogos que só existe no imaginário das pessoas.
      O discurso de ser instrumento de convergência dos povos não se sustenta, ao contrário, demarca ainda mais a distância entre vencedores e vencidos.
      Nações investem pesadamente na fabricação de campeões olímpicos. É uma elite que tem a oportunidade de participar desse circo. Para o maciço contingente de jovens, resta a esperança de um dia participar desse sonho. Sim, pois o biótipo* para atleta olímpico é coisa rara, um entre milhões.
      Os países vencedores não são aqueles que oportunizam aos jovens o acesso igualitário, ao contrário, são os que exatamente discriminam, selecionando os potenciais vencedores. Essa é a lógica do jogos e dos vencedores.
      Os jogos olímpicos como meio de oportunidades aos jovens e confraternização das nações não passam de ilusões que alimentam o inconsciente das pessoas, subjugadas ao jogo do mercado.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Motoboy: gladiador contemporâneo

   As sombras das lutas dos gladiadores ainda estão lá, nas ruínas do Coliseu, em Roma. Spartacus, entre outros, lutavam e morriam para o sabor dos romanos, na versão medieval de pão e circo. Era um meio de vida, melhor do que ser escravo. Hoje, quem corre risco de vida nos corredores do trânsito são os motoboys: gladiadores contemporâneos. É um meio de vida, melhor do que desempregado. Atendem pessoas e empresas, transportam valores e alimentos. São essenciais para todos, mas nem por isso respeitados e valorizados. Cursos, treinamentos, conscientização e melhores condições de trabalho podem reduzir os acidentes, disso que precisam os gladiadores contemporâneos para transportarem também suas próprias vidas para casa.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Prazer em rever



Como sempre acontece nos reencontros dos gafanhotos, pairava no ar um quê indefinido de alegria. Seria a felicidade em comemorar a conquista do Cassiano? Era, também. Como lembrou a Marilu, via-se um brilho no olhar das pessoas. Seria o brilho dos olhos de nosso pai, mal-e-mal morto, marcando presença? E era, também. Existe algo muito forte e especial que palavras não explicam, mas que sentimos, respiramos e sabemos perfeitamente do que se trata. Houve declamações e discursos, bom manjar e um ótimo vinho. Quem não foi, perdeu. Mas perdeu principalmente a chance de sentir a aura mágica que se propaga quando os gafanhotos estão em festa. Parafraseando o Adival, quando se referiu ao momento em que recebeu a notícia da aprovação de seu filho Cassiano, "queria que aquele sentimento não acabasse". Mas não acaba, apenas se divide, quando nos separamos, e volta a formar a bolha de felicidade, quando nos reunimos. Até a próxima.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Vozes que vêm do passado

Quando se avança a barreira dos 50 anos, ouve-se, frequentemente, vozes que vêm do passado. Ainda que de doces momentos, sempre provocam emoções nostálgicas. Uma parte de nosso presente é consumida assim: remoendo o já vivido. Arrisco a dizer que vivemos vidas simultâneas. Por isso, às vezes, choramos ou rimos sem que tais sentimentos tenham relação com o agora. Acho até que se pode antever o final, quando percebemos que o passado se impõe, domina. Sucumbimos ou reinventamos a própria história. Que tal a segunda opção? Arriba.