segunda-feira, 9 de setembro de 2013

A tecnologia a serviço da casa

         
     Tablet samsung galaxy dois ponto zero, com o sistema operacional Android versão um ponto três. Celular e computador numa tela de 8 polegadas, sensível ao toque, com previsão de lançamento para outubro ou novembro, um pouco antes do Natal. O modelo antigo continuará fazendo tudo aquilo que sempre fez, mas estará obsoleto. Você não vai querer desfilar por aí com um aparelho jurássico, vai? Não é sobre esse smartphone que pretendo falar.

      As janelas abertas deixam soprar o vento por entre os cômodos do pequeno apartamento, no qual eu e o Níkolas moramos. Um cheiro de ambiente arejado com o frescor daquele ar renovado. Por isso parece que é salutar manter as janelas escancaradas. Não é bem assim. O ar renovado trás consigo pó. Um pó que vai se depositando nos móveis, nos livros, nas coisas, em tudo que ocupe espaço. Mas existe a vassoura e o espanador que resolvem isso, facilmente. Não resolvem. Ao varrer ou espanar, o pó - aquele - flutua pelo ar, e depois de tudo varrido e limpo, ele, submetido à força da gravidade, e mais pesado que o ar, desce mansamente e deixa tudo empoeirado novamente. Mas eu não posso vê-lo agora, pois terminei o serviço e estou tomando quieto e pensativo o chimarrão, sentado na namoradeira da sacada, olhando o andar da vida lá fora. Três dias depois o depósito de poeira já incomoda, mas não é que a poeira tenha vindo de fora, é a mesma poeira que havia antes.

     A Bárbara, a Clau e este sujeito, num sábado de sol, passamos na Praça do Congresso, onde as pessoas tomavam caipirinha, bebericavam drinks com frutas, em cores variadas. Perto dali, podíamos vê-los conversando animados. Estávamos envolvidos numa outra. O objeto de consumo nem era um drink, nem um smartphone samsung galaxy, com gps embutido. Havia nas Lojas Colombo uma promoção de aspirador de pó ASP 1100, de marca Britânia, desde 1956. Compramos e fomos direto para casa. Ninguém gostaria de sentar numa daquelas mesas ali esparramadas pela praça, pedir algo para beber e ter ao lado um aspirador de pó das Lojas Colombo.

       Pedi licença ao Níkolas para fazer um barulho - e se tem algo irritante é o barulho desse aparelho, mas de negativo é só isso. Depois da primeira experiência com o tal aspirador de pó - a primeira vez a gente nunca esquece -, cheguei a seguinte conclusão: o cara que diz que a maior invenção da humanidade é a roda, nunca na vida usou um aspirador de pó.

MMA-7310 não é apenas uma placa de carro

  


    







       Deixamos Floripa para trás, agora era hora de exercitarmos a paciência. Durante os primeiros quilômetros da 101, o trânsito até fluíra bem. Mas, um pouco mais adiante, tudo voltou ao normal. Que me perdoem as tartarugas, o trânsito parecia uma delas se movendo. 
         O Níkolas se remexeu impaciente. "Estamos na fila que não anda, tente entrar nessa ao lado". Foi o que fiz. Logo na frente nossa fila parou e a que estávamos continuou andando. "Veja a placa do carro aí da frente (MMA-7310). Imagine que alguns nativos de Floripa tomam um bote e tentam chegar ao continente. Vem uma onda e o bote naufraga. Alguém que viu a cena fala ao celular: MMA, mano, MMA, mano. O que ele quis dizer?", peguntei ao Níkolas. Ele passou a mão em sua longa barba ruiva, deixou escapar um leve sorriso de quem encontrou a resposta, e então responde: "Fácil, o cara falou as iniciais de Muitos Manezinhos Afogados, era o que ele estava vendo". 
          O trânsito prosseguia emperrado, ou melhor, não prosseguia. Então o Níkolas olhando fixamente para a placa do carro da frente, que ainda era o mesmo, começa: "Chegamos em casa e percebemos que estávamos sem a chave de acesso ao prédio. No entanto, em poucos minutos estávamos entrando no ap. 401. A Bárbara pergunta: Como entraram, se vocês não tinham a chave? Eu respondo: MMA, Bárbara, MMA, Bárbara. O que eu disse?". Repeti o gesto do Níkolas, como se alisasse a barba, e então respondi: "Minha Mãe Atirou", e completei: "Minha Mãe Atirou a chave pela janela, você disse".
        É preciso ter paciência, muita paciência. MMA-7310. O carro seguia em nossa frente. "A sequência daquela placa 7310, se tomados os números 1, 3 e 7, apresenta uma lógica. Se a sequência continuasse, qual seria o próximo número?". O Níkolas ajeitou sua longa barba ruiva e pensou em voz alta: "1 mais seu sucessor (2) é igual a 3, 3 mais seu sucessor (4) é igual a 7. 7 mais seu sucessor (8) é igual a 15. Logo, o número seguinte será 15".
         Passamos Laguna e o trânsito acelerou. O Níkolas coçou sua longa barba ruiva, recostou a cabeça e deu um longo cochilo. Enfim, chegamos. A Clau nos recebe com "meus homens amados chegaram".
         "Vamos lá, o que vocês querem para comer?", perguntou a Clau. "Por mim, MMA", falei. Ela ainda não sabia de nada, então fui logo traduzindo: "Menos Miojo, Amore". Todo chato, quando percebe que está sendo chato, sente prazer em continuar com sua chatice. Aí, sussurei em seu ouvido: "MMA". "Já sei, menos miojo", ela falou. "Não", respondi. "Agora significa Minha Mulher Amada".
          E assim se foi mais um final de semana lá em casa. E durante o findi MMA*.




*Desafio. O que significa este último MMA. A resposta mais criativa dará direito a um MMA inteiramente grátis. Você não vai querer ficar fora dessa, vai?